quarta-feira, 15 de junho de 2011

Kit anti-homofobia: suspensão do material gera polêmica e divide a sociedade

Por Jessica Silva

Foto: Divulgação Ministério da Educação

O debate sobre o kit anti-homofobia tem gerado polêmica nas redes sociais e em diversos meios de comunicação, principalmente após a decisão da presidente Dilma Rousseff de vetar a liberação do material nas escolas do país por considerar seu conteúdo inadequado após uma reunião com deputados da chamada bancada religiosa, que utilizaram largamente as redes sociais como mobilização contra o projeto.

O kit de combate à homofobia foi elaborado por entidades de defesa dos direitos humanos e da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis) a partir do diagnóstico de que falta material apropriado e preparo dos professores para tratar do tema. Chamado de Escola sem Homofobia, o kit escolar para combater a violência contra gays que seria enviado para 6.000 escolas públicas do país, é dirigido a professores e alunos do ensino médio, em geral de 14 a 18 anos. O programa Escola Sem Homofobia tem como objetivo de diminuir o preconceito nas escolas.

Segundo apontam entidades, o preconceito contra alunos homossexuais tem afastado esse público da escola e é por isso que o material se faz tão importante para a educação. Um número significativo de posts e comentários nas redes sociais têm apoiado a divulgação do material por usuários que tiveram acesso ao vídeo e consideraram seu conteúdo adequado para distribuição.

O vídeo que vazou na internet revela a descoberta e a busca da identidade de travesti através do personagem José Ricardo/Bianca. Foto: Foto G1

O material contém vídeos que tratam de transsexualidade, bissexualidade, namoro gay e lésbico, e se tornaram polêmicos após o vazamento na internet. Muitas pessoas a favor do projeto têm utilizado as redes sociais para mobilizar manifestações em prol da liberação do material como a passeata realizada no Rio de Janeiro, onde dezenas de pessoas caminharam pela orla da praia de Ipanema, na zona sul da cidade em uma manifestação contra a decisão da presidenta Dilma Rousseff de suspender a distribuição do kit anti-homofobia nas escolas públicas do país. A caminhada reivindicou uma educação mais inclusiva e foi organizada por grupos gays das igrejas Católica e Evangélica por meio do Facebook.

Passeata na praia de Ipanema contra a suspensão do kit anti-homofobia / Foto: Grupo Diversidade Católica 

Em contrapartida ao Governo Federal, grupos de discussão têm levantado a bandeira do uso autônomo do material educativo, o que gera uma ressalva entre os psicólogos que enfatizam a necessidade de treinamento dos professores para a propagação do conteúdo.

Além de repercutir no Congresso Nacional, movimentos e nas redes sociais, a suspensão de todas as produções que compõem o kit contra a homofobia encomendado pelo Ministério da Educação (MEC) foi assunto em sala de aula. Professores que já trabalham a diversidade sexual com alunos contam que a polêmica despertou a curiosidade de crianças e adolescentes e foi usada para discutir o tema. O psicólogo Marcello Camargo acredita que o kit anti-homofobia não irá influenciar na sexualidade dos estudantes, pois essa característica vem da formação pessoal de cada indivíduo.

“A pessoa não depende desse estímulo para descobrir se é homossexual ou não, a tentativa de debater o preconceito contra a homofobia é positiva, mas só isso não irá resolver o problema. É preciso que haja um envolvimento da sociedade, que primeiro se desempenhe um trabalho de sensibilização para que ele se transforme em conscientização”, destaca o psicólogo.

Assista aos vídeos do material suspenso pelo MEC:

Escola sem homofobia - Probabilidade:


Escola sem homofobia torpedo:


Encontrando Bianca:



Por Jessica Silva

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