quarta-feira, 15 de junho de 2011

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...

Por Gabriela Esteves


Cada vez mais os jornalistas vêm usando as redes sociais para difundir notícias e divulgar informações ignoradas, até então, pelos meios de comunicação tradicionais.

As redes sociais e de microblog, nos revelou um segredo: “Os jornalistas têm opiniões”. E, cada vez mais os meios de comunicação preferem evitar que sejam expressas publicamente. O fato dos jornalistas usarem com frequência essas redes sociais como fontes de informação e, além de ser um ambiente livre de expressão, vem incomodando alguns meios de comunicação.

Repórteres do Miami Herald, estão preocupados pelo mau uso do Twitter no jornal.Vinte e três membros da equipe assinaram uma reclamação sobre o uso excessivo do Twitter como fonte. Os profissionais, alertam para o uso desnecessário do Twitter por parte da empresa e, apesar de os funcionários terem afirmado entender que a indústria esteja passando por mudanças e incertezas, segundo os jornalistas, não há razão para "imitar" o Twitter, o que eles argumentaram ser um erro.

Seja no Facebook, no Twitter ou no Youtube, as redes sociais geram uma série de questionamentos sobre a ética e a liberdade de expressão.


O Washington Post, um dos líderes no jornalismo impresso e diário dos Estados Unidos, possui um manual que proibi todos os seus jornalistas de escrever, tuitar ou postar qualquer coisa que possa refletir um viés ou favoritismo político, racial, religioso ou sexista. A emissora BBC recomenda cuidado na hora de retuitar comentários de terceiros. Segundo eles, pode parecer que o jornalista está endossando o ponto de vista do autor.

Repórteres no Brasil, na Guatemala e nos Estados Unidos foram demitidos por comentários e informações consideradas impróprias no Twitter, no Facebook e no YouTube, respectivamente.

Um dos episódios mais extremos que ocorreu no Brasil. O jornalista Felipe Milanez foi demitido do cargo de editor da National Geographic no país após criticar no Twitter a revista Veja, publicada pelo mesmo grupo, a editora Abril. A revista havia sido acusada de fabricar declarações de um importante antropólogo brasileiro em uma matéria contrária à demarcação de terras indígenas no Brasil. (Leia a resposta da Veja e esta carta do antropólogo). O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo criticou a editora por impedir a liberdade de expressão de seus profissionais.

O Jornalista Márcio Gonçalves, se diz constrangido com essas notícias sobre a demissão de jornalistas devido aos seus comentários na internet. Márcio alerta que a internet chegou e a sociedade da informação está aí para ser consumida. “Nós não sabemos o que fazer quando o individuo coloca sua opinião na internet e, não sabemos se ela será aceita pelo outro. Na verdade nós não temos respostas para isso, há indagações”, diz Gonçalves.

Assista este rápido depoimento do Jornalista Márcio Gonçalves sobre o assunto:


Não é a primeira vez que jornalistas sofrem represálias por comentários feitos em redes sociais. O editor-assistente de política da Folha de São Paulo, Alec Duarte, e a repórter do Agora SP, Carol Rocha, foram demitidos do Grupo Folha, no dia (29/03/2011), após trocarem mensagens no Twitter sobre a morte do ex-vice-presidente José Alencar.

“Nunca um obituário esteve tão pronto. É só apertar o botão”, comentou Duarte no microblog, fazendo referência, sem citar nomes, à preparação antecipada de obituários nas redações. “Mas na Folha.com nada ainda... esqueceram de apertar o botão. rs", respondeu Rocha.

Foto: Divulgação do twitter de @alecduarte e @CarolinaRocha

O jornalista, em seguida, lembrou do erro cometido pela Folha na divulgação da morte do ex-senador Romeu Tuma, sem citar diretamente o veículo. "Ah sim, a melhor orientação ever. O último a dar qualquer morte. É o preço por um erro gravíssimo."

A conversa foi considerada inadequada pela ombudsman do jornal, Suzana Singer, que abordou o assunto em sua coluna de domingo. Em resposta, a repórter do Agora SP alegou que não houve repercussão nos comentários e criticou as demissões em seu blog.

Para quem quer acompanhar casos de prisão e demissão relacionados ao uso das redes sociais o blog do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas criou um perfil no Twitter. Outros projetos especiais do blog do Centro Knight incluem a publicação de um mapa da censura eleitoral no Brasil e um mapa sobre a violência contra jornalistas no México.


Por Gabriela Esteves

0 comentários:

Postar um comentário

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Grocery Coupons