quarta-feira, 15 de junho de 2011

Mobilização de bombeiros contra baixos salários ganha repercussão entre as redes sociais

Por Cristiane Lima

Foto: site SOSBombeiros

“... Missão dupla o dever nos aponta. Vida alheia e riquezas salvar
E, na guerra punindo uma afronta. Com valor pela Pátria lutar...”

R$ 934,00, esse é o valor destinado ao trabalho dos bombeiros do Rio de Janeiro, um valor bem abaixo do que espera o hino do soldado do fogo, canção que foi entoada por cerca de 2 mil bombeiros militares no 1º dia de manifestações, 3 de junho, nas escadarias da Alerj (Assembléia Legislativa do Estado do Rio). Os manifestantes acompanhados de mulheres e crianças reivindicam piso salarial de R$ 2.000 e vale transporte.

O objetivo do movimento era a implantação da PEC 300 (Proposta de Emenda Constitucional 300), que têm como meta nivelar o salário base de policiais e bombeiros com os praticados hoje no distrito federal. O piso da categoria no Rio é o menor pago e a defasagem com os militares de Brasília chega à R$ 3,000.

Confira a lista com os salários pagos aos bombeiros nos estados:


SALÁRIOS BRUTOS NO BRASIL:

01º - Brasília - R$ 4.129.73
02º - Sergipe – R$ 3.012.00
03º - Goiás – R$ 2.722.00
04º - Mato Grosso do Sul – R$ 2.176.00
05º – São Paulo – R$ 2.170.00
06º – Paraná – R$ 2.128,00 1
07º - Amapá – R$ 2.070.00
08º – Minas Gerais - R$ 2.041.00
09º - Maranhão– R$ 2.037.39
10º – Bahia – inicial - R$ 1.927.00
11º - Alagoas - R$ 1.818.56
12º - Rio Grande do Norte – R$ 1.815.00
13º - Espírito Santo – R$ 1.801.14
14º - Mato Grosso – R$ 1.779.00
15º - Santa Catarina – R$ 1.600.00
16º - Tocantins – R$ 1.572.00
17º - Amazonas – R$ 1.546.00
18º - Ceará – R$ 1.529,00
19º - Roraima – R$ 1.526.91
20º - Piauí – R$ 1.372.00
21º - Pernambuco – R$ 1.331.00
22º - Acre – R$ 1.299.81
23º - Paraíba – R$ 1.297.88
24º - Rondônia – R$ 1.251.00
25º - Pará – R$ 1.215,00
26º - Rio Grande do Sul – R$ 1.172.00
27º - Rio de Janeiro - R$ 1.031,38)
Fonte: SOS Guarda Vidas

A passeata que começou nas escadarias da ALERJ acabou se estendendo até o quartel central e culminou com a invasão da instituição pelos manifestantes na noite de 3 de junho. Na manhã de sábado dia 04, a polícia militar invadiu o comando, fez vários disparos e prendeu 439 bombeiros.

Bombeiros e simpatizantes pedem socorro pelas ruas do Rio Foto: Divulgação

O governador Sérgio Cabral havia definido a ação como inaceitável já que vivemos em um estado democrático e chamou de vandalismo a ação dos militares. O comandante geral dos bombeiros, Pedro Machado foi exonerado pelo governador e o Coronel Sérgio Simões assumiu o cargo.

Assista a coletiva feita pelo Governador Sérgio Cabral:


Izaías Mendes, 42 anos, sargento do corpo de bombeiros de Itaguaí, município do Rio, acreditava na legitimidade do movimento. “Sirvo à corporação há 18 anos e nunca vi uma coisa assim. É muito bom saber que a população nos apóia. Eu tenho dois empregos, muitos colegas meus também. Infelizmente só conseguimos pagar as contas assim. Mal tenho tempo para ver minha família. Queremos justiça." – declara.

Sargento Izaías Mendes feliz com o apoio da população. Foto: Cristiane Lima

As discussões sobre a prisão dos 439 bombeiros se estenderam pelas redes sociais. O senador Marcelo Crivella @MCrivlla propôs em seu twitter uma enquete sobre a posição adotada pelo governo do estado. A maioria dos usuários se mostrou contra a prisão dos militares na ocasião.

Página na rede de microblogs Twitter de @MCrivella. Foto: Cristiane Lima

A mobilização ganhou o apoio internacional. Moradores dos Estados Unidos enviaram para as lideranças do movimento fotos exibindo cartazes de apoio aos manifestantes. A mensagem diz que “os bombeiros do Rio de Janeiro precisam de ajuda”.

Foto: site SOSBombeiros

Novas manifestações haviam sido realizadas. No dia 12/06 foi feita uma ação em frente ao Copacabana Palace. A população demonstrou seu apoio aos bombeiros usando roupas de cor vermelha, pendurando tecidos vermelhos na janela e usando fitas em automóveis.


Atualmente, os 439 presos foram libertados devido a um habeas corpus concedido pela 6ª Câmara Criminal na última segunda-feira (13) e mantido até então.

Nesta quinta-feira (16), a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro votará o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) que prevê a soltura em definitivo dos 439 bombeiros presos durante a invasão ao quartel central da corporação, há duas semanas. O documento prevê o cancelamento dos processos administrativo e criminal protocolados na Justiça Militar contra os oficiais. No momento, há discussões de emendas na Alerj para reajustar os salários dos bombeiros e isso custará aos cofres cerca de R$4,6 mlhões. O piso seria de R$ 2.300.


Por Cristiane Lima

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